Economia Circular: Um Caminho Sustentável para a Sociedade e para a Indústria
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De acordo com dados do Ministério da Saúde, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Com esses números, o suicídio encontra-se entre as três principais causas de morte em indivíduos com idade entre 15 e 29 anos no mundo.
Em um cenário pós-pandêmico que ainda ressoa com desafios e incertezas, essa realidade se torna ainda mais crítica. O isolamento, o medo da doença, a perda de entes queridos e a turbulência econômica deixaram sequelas emocionais profundas em milhões de pessoas ao redor do mundo. Em 2020, durante a pandemia da COVID-19, os transtornos depressivos maiores aumentaram em 35% e os transtornos de ansiedade em 32%. 65% dos países relataram interrupções nos serviços essenciais de saúde mental e uso de substâncias em 2020. Esse número diminuiu para 14% no início de 2023, de acordo com a Pan American Health Organization.
Apesar disso, ainda há um longo caminho a percorrer. Em setembro, acontece o “Setembro Amarelo”, um movimento global de conscientização que ganhou destaque nos últimos anos como um farol de esperança em meio à escuridão das questões relacionadas à saúde mental. Durante este mês, uma luz amarela é lançada sobre temas delicados, como o suicídio e a depressão, com o objetivo de desmistificar essas questões, promover conversas abertas e fornecer informações essenciais sobre prevenção.
Pensando nisso, o UniArt Studio conversa com Suellen Jovita (CRP: 06/134127), psicóloga clínica formada há mais de 12 anos com atendimento focado em adultos e idosos, confira:
Qual é a importância do Setembro Amarelo na conscientização sobre a saúde mental e prevenção do suicídio? Como essa campanha ajuda a quebrar o estigma em torno desses temas?
Suellen Jovita: Essa campanha ajuda a quebrar o estigma sobre temas relacionados a saúde mental, pois dá oportunidade de ouvir as pessoas, de acolher, de trazer dados e fatos relevantes em torno do assunto, bem como também explicar com mais detalhes sobre alguns transtornos e dificuldades enfrentadas durante a vida que podem, infelizmente, resultar no suicídio. Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão, e nossa taxa de suicídio é de aproximadamente 14 mil casos por ano, ou seja, em média, 38 pessoas se suicidam por dia. Este é apenas um dado específico e é importante que a gente compartilhe com a nossa comunidade o quão relevante são os cuidados no tratamento para uma qualidade de vida melhor.
Quais são os principais sinais de alerta que amigos, familiares e colegas de trabalho devem observar em alguém que pode estar enfrentando problemas de saúde mental ou pensando em suicídio?
Suellen: Infelizmente, não é tão fácil observar sinais de uma pessoa que tem ideação suicida. É muito comum não haver, inclusive, sinalização de que isso vai acontecer.
Por ser um tema delicado, difícil de abordar, as pessoas podem ter vergonha ou medo de expor o que estão pensando e as situações que estão vivenciando. Não existe uma regra clara, pois cada pessoa reage de uma forma muito única com relação aos seus sentimentos, porém é possível identificar algumas mudanças no comportamento e humor que podem indicar que há algum conflito ou dificuldade. Vale a pena ficar com o alerta ligado quando há oscilação no humor, um apego ao passado, desapego de bens materiais, piora ou melhora de forma abrupta na aparência, nostalgia, uso exagerado de bebidas alcoólicas, drogas ou medicamentos, por exemplo.
Caso alguma pessoa fale sobre isso com você, a ajuda pode ser um pouco mais específica, como ouvir o que ela está passando, sobre seus pensamentos, sentimentos, validar o que ela está sentindo e o mais importante, encaminhar para uma rede de profissionais que vai poder lidar de forma mais específica.
Como a psicologia pode desempenhar um papel significativo na prevenção do suicídio?
Suellen: O psicólogo atua diretamente na identificação dos níveis de concretismo na ideação do suicídio, ou seja, consegue enxergar como está o pensamento com relação a este tema, se já em algum momento houve alguma tentativa e se há indícios de que é uma possível uma nova tentativa. O psicólogo ouve, acolhe, faz devolutivas importantes para o paciente que podem ajudar e contribuir na qualidade de vida e no encontro de um sentido que pode alterar a visão sobre as vivências, de uma forma mais positiva, encontrando novas possibilidades.
O psicólogo tem a função de promover a vida e nesses casos também consegue ter uma escuta mais “natural” sobre o tema (ainda que o suicídio seja algo menos natural na humanidade), o que propicia ao paciente trazer com mais detalhes. Dessa forma, o psicólogo consegue ter uma intervenção mais adequada ao caso.
Sabemos que as redes sociais desempenham um papel importante na disseminação de informações sobre saúde mental durante o Setembro Amarelo. Quais são as maneiras eficazes de usar plataformas digitais para promover a conscientização e o apoio emocional?
Suellen: Vivemos um momento em que as redes sociais têm um espaço importantíssimo nas nossas vidas. Falar deste tema de uma forma séria, com o apoio de profissionais qualificados ajuda a ter um alcance muito maior e acessar pessoas de todos os tipos, sejam as que entendem ou as que conhecem um pouco sobre o assunto e também pessoas que não tem acesso. A saúde física e a saúde mental caminham juntas, é necessário cada vez mais que as pessoas tenham preocupação de forma integral com a sua saúde e as redes sociais fornecem esse caminho de forma direta. As maneiras eficazes são: conscientização do que é o tema, meios de melhorar a qualidade de vida, falar sobre os pontos de alerta sobre a saúde e incentivar a busca de apoio profissional e de qualidade.
O Setembro Amarelo também destaca a importância da autocompaixão e do autocuidado. Que conselhos você daria às pessoas sobre como cultivar a resiliência emocional e o bem-estar mental em suas vidas cotidianas?
Suellen: Acredito que a busca pelo autoconhecimento é primordial para resiliência e o bem-estar emocional. Quanto mais você se conhece, melhor para reconhecer seus sentimentos e sair do automático. Nós humanos temos limitações e essas são diferentes para cada pessoa. Quando falamos de autocuidado é importante pensarmos em várias formas que existem: social, emocional, financeira, estética…. Deixo algumas questões para reflexão:
Como você tem cuidado da sua alimentação?
Você faz atividades físicas?
Como você tem cultivado a sua rede de apoio?
Como você tem olhado para os limites das suas relações com os familiares, amigos, cônjuges?
Como você avalia a sua saúde financeira?
Tudo isso contribui diretamente para o nosso bem-estar mental e emocional. É importante olhar para a nossa vida de uma forma mais integrada, mais ampla e o autoconhecimento é essencial para que tudo isso se conecte.
Sabemos que não basta conversar com uma pessoa em sofrimento psíquico, é preciso apoio profissional qualificado. Dito isso, como realmente podemos ajudar no Setembro Amarelo?
Suellen: Nós temos uma cultura de evitar falar do suícidio, pensando muitas vezes que este assunto irá propagar e gerar uma influência para tal ato. Acredito que essa cultura funcione dessa forma, justamente porque as pessoas acreditam que se não falar sobre o suicídio, ele deixa de existir, o que é um sentimento ainda muito primário e comum. É muito importante que seja disseminado, que seja dado espaço para a escuta, para que as pessoas possam falar sobre suas dores, seus conflitos. Falar sobre o suicídio é uma forma de alertar famílias, amigos, profissionais sobre algo que existe e tem crescido cada vez mais em nossa sociedade. É importante conversar com as pessoas e ouvir, mas muitas vezes, se a escuta não for qualificada, infelizmente a situação pode sair do controle, por isso é muito importante ter uma rede de apoio que consiga conectar essa pessoa a um profissional qualificado, como um psicólogo ou psiquiatra.
Se você precisa de apoio psicológico ou conhece alguém que precise, procure um profissional capacitado ou ligue para o CVV – Centro de Valorização da Vida pelo 188.
A profissional Suellen Jovita (CRP: 06/134127) aqui entrevistada é habilitada e está disponível para atendimentos on-line pelo WhatsApp: (12) 988058829.
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